Bebê reborn é uma boneca hiper-realista que imita uma criança recém-nascida. Foto: Felipe Rau/Estadão
Uma mulher buscou uma Unidade Básica de Saúde (UBS), em Itajaí, em Santa Catarina, para simular a vacinação de um bebê reborn com o objetivo de fazer uma postagem nas redes sociais. O caso ocorreu em janeiro deste ano e, conforme a prefeitura local, o pedido foi negado pela equipe técnica da unidade.
Segundo o comunicado, a mulher - que não teve a identidade informada e não era da área de abrangência da UBS - chegou ao posto de saúde acompanhada da filha de 4 anos, pedindo que fosse realizada uma simulação de vacina na boneca “reborn” da criança. Segundo a mãe, o pedido para receber o imunizante teria partido da filha.
A equipe do local pediu a carteira de vacinação, entendendo inicialmente que a vacina fosse para a garota. A mulher negou e pediu a simulação com a boneca, para que ela filmasse e postasse nas redes sociais.
O pedido, então, foi negado pelo corpo técnico da UBS. Os profissionais do posto explicaram que simular a vacinação em um boneco levaria ao desperdício de insumos adquiridos com dinheiro público e de uso exclusivo para seres humanos.
Segundo a Prefeitura, ao ouvir a recusa, a mulher teria se irritado e retrucado: “É só abrir uma seringa, só abrir uma agulha e fingir que deu”. A nota da administração informa que “todos os profissionais, incluindo a vacinadora, se recusaram a fazer o simulado”.
Percebendo que a UBS não recuaria na recusa, a paciente foi embora do posto de saúde de forma ”exaltada". “A gestão do posto de saúde emitiu, na época, um comunicado aos demais gestores para que se atentassem à possibilidade de a mulher procurar o atendimento ao bebê ‘reborn’ em outras unidades”, disse a prefeitura.
O tema bebê reborn tem ganhado destaque nos últimos dias após viralizar, nas redes sociais, cenas de adultos brincando com as bonecas realistas e dando, aos brinquedos, um tratamento humanizado.
O crescimento de interesse pelo assunto motivou prefeituras e casas legislativas, nos âmbitos municipal, estadual e federal, a protocolar projetos de leis para impedir que os donos dos brinquedos utilizem as bonecas para usufruir do serviços oferecidos nos sistemas públicos.
Em Curitiba, capital do Paraná, por exemplo, a prefeitura local emitiu um aviso dizendo que os “pais” de bebês reborn não podem usar assentos preferenciais em ônibus.
Na Câmara dos Deputados e na Assembleia Legislativa de São Paulo, projetos de lei foram apresentados prevendo multa a quem solicitar prioridade no atendimento no SUS por conta dos bebês realistas.
O PL levado à Câmara dos Deputados prevê multa de cinco a 20 salários mínimos a quem tentar usufruir do Sistema Único de Saúde e obter vantagens, como ter acesso a imunizantes ou prioridade nas filas de atendimento. Em caso de reincidência, a multa deverá ser aplicada em dobro.
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